"Em vez de querer ensinar aos índios, o homem branco deveria ter a humildade para aprender com eles que "o velho é o dono da história, o homem é o dono da aldeia e a criança é a dona do mundo". Orlando Villas Boas
Crianças indígenas estudando
Escola em São Gabriel: cidade mais indígena do país (Foto: João Correia Filho)
Em todas as culturas é inegável o peso que a educação tem para que seus indíviduos possam transmitir seus costumes, ensinamentos e modo de vida, perpetuando assim não apenas sua cultura, mas também sua identidade enquanto grupo e indivíduo.
Neste sentido é também inegável reconhecer o quanto uma educação que não atende as necessidades reais de um grupo pode prejudicar, desmotivar, desvirtuar e corroborar para a discriminação e exclusão dentro da sociedade.
Assim, percebe-se que a escola acaba não cumprindo seu papel principal que seria de oferecer chances igualitárias à todos de pleno acesso e apropriação do conhecimento.
Com relação a Educação Indigêna, desde seu início na época do Brasil colônia, ela surge da necessidade do homem branco de se “domesticar” os índios de modo que esses mais facilmente se submetessem à sua vontade, e para tal, até o reconhecimento de sua humanidade se dá com o objetivo de que se possa enquadra-los dentro do sistema social vigente da época, possibilitando inclusive aplicar-lhes as sanções legais, comumente marcadas pelo uso da violência e humilhação.
Ainda servindo aos interesses exploratórios, a pouca instrução que os mesmos recebiam, se restringia à imposição da língua do branco a fim de que estes fossem capazes de entender suas ordens, desconsiderando-se assim seus conhecimentos, história e herança secular.
Neste sentido o povo indígena não era apenas explorado fisicamente mas sim cerceado em seu direito à própria identidade e vontade.
Passados cinco séculos de exploração e dizimação do povo indigêna desde a colonização, a questão da identidade é ainda hoje algo pelo qual este povo luta para ter reconhecida e respeitada, uma vez que ainda perante a lei , eles são considerados um grupo à parte que necessita ser tutelado pelo Estado, e que para existir necessita ser enquadrado ou passar por processo em que se transforme no idealizado e aceito, quando na verdade o que eles necessitam é de respeito ao seu modo de vida e cultura e valorização de sua diversidade.
Para que isso aconteça é preciso que se reconheça, respeite e valorize a visão que o homem indigêna tem sobre sua cultura, seus costumes, modo de vida e a sua própria leitura sobre a história da chegada do homem branco no Brasil.
Torna-se, desse modo imprescindível que a educação indigêna seja voltada para uma formação que dê conta destes aspectos e ainda trabalhe a questão de sua inclusão dentro do contexto social , de maneira que o povo indigêna deixe de ser visto como um grupo à parte , mas sim um grupo cujas peculiaridades e diversidades devem ser respeitadas.
Para quem se interessar sobre o assunto :
CINEP - Centro Indígena de Estudos e Pesquisas
http://www.cinep.org.br/?code=1.1
VÍDEO: "Unicef denuncia discriminação contra crianças indígenas" - 26/04/2009
Assim afirma o diretor do Unicef para a América Latina, Nils Kastberg, que participa da Conferência Mundial contra o Racismo, realizada Genebra em 2009. Reportagem da EFE.
http://noticias.uol.com.br/